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Predestinada - Capítulo 4

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Mensagem por Lolla Aryan Qui Set 27, 2012 9:34 pm

Não se pode dizer que "retribuí o beijo". Na verdade, fiquei estupefata demais para fazer qualquer coisa.
Retomo o controle uns 2 segundos depois e o afasto.
-O que você tinha nessa droga de cabeça? - Digo, calma e pausadamente.
-Des... desculpe. - Johnny morde o lábio e balança a cabeça, como se tentasse voltar a si. - Eu não quis... Não quis. Juro. Não sei por que fiz isso. Você estava tão bonita e... - Ele para. - Esquece. Eu sou um idiota. Pode me xingar. Eu mereço. - Ele suspira. - Mas eu precisava fazer isso pelo menos uma vez. Desculpe.
-Você tinha me prometido!
-Eu sei, ok? - Ele suspira. - Mas não consigo. De verdade. Não consigo só te deixar ir, como fiz diversas vezes.
-Esse... esse foi seu primeiro beijo?
-Não - Ele responde. Levanto uma sobrancelha. - O quê? Já tentei te superar, sabia?
Rio, apesar de me sentir muito melhor com o comentário.
-...Mas eu gostaria que tivesse sido o primeiro - Ele diz. - Foi diferente. O frio na espinha. O coração batendo muito mais forte. O mundo girando. O gosto de morango do seu gloss. - Ele diz. - Como se nada mais importasse exceto aquele momento e a pessoa na sua frente.
O brilho em seus olhos me faz parar. A descrição mostra como me sinto ao beijar Dani.
Estou extremamente mal. Porque... não senti nada com Johnny. Apenas o gosto de seu chiclete. Nada. Não consigo. De forma alguma.
-Desculpe! - Peço. E quando vejo, estou chorando, sem nem tentar esconder. - Desculpe por entrar na sua vida. Desculpe por arruiná-la. Desculpe por te fazer amar alguém que não retribui. Desculpe por não conseguir sentir um mísero frio no estômago quando você me beija. Não dá. Eu estrago tudo! Quebro tudo o que toco! E não te mereço. De verdade. Você é incrível - Digo. - E merece alguém bem melhor do que eu.
-Lolla, o que você...?
-Você merece ser feliz. E desculpe por ter te privado disso.
-Lolla Aryan - Ele ordena. - Cala a boca.
-Mas a culpa é sua também - Me recomponho. - Mentiu. Disse 'sem segundas intenções'. 'Sem elogios'. E estou extremamente decepcionada. Então, por favor, faça um favor a si mesmo e tenha um imprinting com alguém por aí. Pra mim já deu - Após dizer isso, saio andando, sem ligar para o fato de talvez ter sido rude. Não importa, realmente. Estou brava com Johnny, mas também me sinto mal por ele.
Em parte é minha culpa. Eu abri espaço. Por que ele teria me beijado se eu não tivesse aberto?
Mas isso não ajuda em nada.
Pego um pedaço de papel e escrevo "Parabéns. Ele me beijou. O que agora? Preciso de você. Não tá dando. --L", e jogo na janela dos pais de Johnny.
Não falo com Johnny no café da manhã do dia seguinte. Mesmo se falasse, o que diria?
-Ei! - Chamo, à tarde. - Sr. Wolf!
Ele olha para trás, surpreso.
-Recebeu minha mensagem? - Pergunto.
-Recebi - Ele diz. - Mas temo não poder ajudá-la.
-E por que não? Tem de me ajudar! - Me enfezo.
-Eu nem consigo passar um tempo com meu filho! Sempre que tento me aproximar, ele foge de mim.
-E o que isso tem a ver com a minha história, mesmo?
Ele ri, parecendo achar a coisa toda extremamente engraçada.
-Esse é o seu problema - Ele decide.
-O que está dizendo?
-Nada, querida - Suspira ele. - Me ignore. Mocinha, se eu lhe pedisse um último favor - Ele me fita. - Ajudaria esse pobre pai?
-Por que pede a mim?
-Apenas diga sim.
-Sim - Bufo.
-Obrigada - Ele sorri. - Pode, por favor, convencer Johnny a passar um tempo comigo hoje à noite?
-Desculpe, mas não estou falando com seu filho ultimamente.
-Por favor - Ele suplica. - Eu preciso disso.
-Fala como se fosse fazer uma viagem bem longa, ou algo assim. - Comento.
-Eu não vou a lugar nenhum por minha conta - Ele dá um sorriso torto. - E então, o qu...
Ele para de falar para ter um ataque de tosse. Tipo, dos feios.
-Deuses, você está bem?! - Pergunto, preocupada demais para me importar com o fato de ter dito 'deuses'.
Ele apenas continua tossindo.
-Vou buscar água - Levanto e lhe trago um copo d'água.
Ele bebe e para de tossir.
-Obrigado - Agradece.
-O que foi isso?
-Devo estar resfriado - Ele dá de ombros.
-Difícil, considerando os 32 graus que devem estar fazendo aqui. - Levanto uma sobrancelha.
-Não se preocupe comigo - Ele sorri.
-Vou falar com Johnny - Cedo. - Digo, vou TENTAR.
-Você tem um coração bom demais para não fazer coisas certas! - Ele diz.
Encaro como um elogio.
-Hm. - E saio andando.
Pego um pedaço de papel e uma caneta.
"Encontre seu pai hoje à noite. Tente se divertir. Sem perguntas. Apenas vá."
Jogo o bilhete na cabeça de Johnny quando o vejo tocando violão. Bem maduro da minha parte. Mas, francamente, não estou a fim de me importar.
Tenho algo de noite que considero um pesadelo - ou pior.
Estou em um grande gramado, e o Sol está nascendo. Saio correndo pela grama, e, quando vejo, estou presa em um labirinto.
-Beauty queen of only eighteen, she had some trouble with herself - Aquela voz está cantando acima de mim. Eu a reconheceria em qualquer lugar.
Daniel Knowles está simplesmente sentado no Sol, seus cabelos dourados refletindo na luz do astro.
-He was always there to help her, she always belonged to someone else - Agora a voz mudou. Ela está atrás de mim. É mais pausada e com as notas menos marcadas, mas longe de ser desafinada. - I don't mind spending every day out on your corner in the pouring rain; look for the girl with the broken smile. Ask her if she wants to stay around...
Uma flecha passa zunindo em meu ouvido e por pouco não acerta Johnny e seu violão.
Nem preciso olhar para o Sol para confirmar quem foi.
-And she wiiill be loved - Dani canta, pulando lá de cima e caindo perto de mim.
-She wiill be looved - Johnny o acompanha.
Estou cercada. A eu do sonho decide fugir. Escalo as paredes do labirinto e as pulo.
Estou no gramado de novo, e, de repente, não estou. Estou perto de um penhasco, e Johnny e Dani estão na ponta.
-Ei! Saiam daí, seus estúpidos! - Berro, mas eles não parecem me ouvir.
-I know where you hide, all alone in your car - Dani sorri pra mim.
-I know all the things that make you who you are - Johnny acompanha.
O sonho me diz que tenho de interferir. Mas eles estão longe um do outro, não terei tempo de parar ambos. Tenho de escolher.
Minha vida é tão ferrada que até os sonhos me torturam.
Nunca me dou conta de que estou sonhando durante um sonho. Tudo sempre me parece perfeitamente normal, então nunca me ocorre a ideia de ter de acordar.
Eles me encaram uma última vez.
-Catch her
-Every time she... - Dani fita-o.
-Faaalls... - Terminam juntos.
E então eu apenas corro o mais rápido que posso e me jogo do penhasco entre os dois antes que eles possam impedir ou se jogar.
Estou em queda livre, minha vida passando como um flashback por meus olhos fechados. Sei que devo mudar a direção do vento ou planar, mas não consigo.
Ouço um baque surdo e acordo em minha cama. Agarro o travesseiro como se fosse o que me mantém viva.
-Só um sonho, Lolla - Repito para mim mesma. - Só um sonho.
-Sonhos de semideuses nunca são só sonhos - Johnny aparece na minha janela. - Li isso num livro.
O encaro, mas não digo nada.
-O quê? Surpresa por eu saber disso? - Ele me encara de volta.
-Estou surpresa por você saber ler - Zombo, dando um riso debochado.
-Achei que você não estava falando comigo - Ele observa.
-Ah, você está aí, Johnny! Eu estava conversando com o meu armário.
-Deve ter sido uma conversa bem legal.
-Definitivamente - O fito. - Se me der licença, quero me vestir.
Ele assente e fecha a janela.
...
-Johnny veio ontem - O Sr. Wolf comenta comigo à tarde.
-É? Legal - Digo, comendo uma barra de chocolate.
Percebo que ele está respirando pela boca.
-Está tudo bem?
-Claro - Ele sorri. - Por que não estaria?
-Vai ficar com sede, assim.
-Gordos precisam de mais ar.
Nossas conversas são basicamente assim nos próximos 4 dias. Até que percebo algo.
-Ei, você está mais magro - Comento com o pai de Johnny. - Tipo, mais do que devia. Pelo menos 30 quilos a menos do que quando cheguei aqui.
Ele morde o lábio, e sei que algo o atormenta.
-Isso é bom. Estou um pouquinho acima do peso - A forma como ele diz isso me faz rir. - Eu já lhe disse que você é uma garotinha excepcional?
-Já - Faço uma careta. - Excepcional o bastante para saber que está tentando mudar de assunto. Sr. Wolf, o que está havendo? De verdade.
Ele me fita por um momento, parecendo me estudar.
-Já alguma vez olhou para trás e pensou se sua vida valeu a pena?
-Sim. Mas geralmente as pessoas fazem isso quando sabem que vão morrer.
-Eu costumo ter esse costume. Mas tento não pensar nos arrependimentos. Nas coisas ruins que a vida me trouxe.
-Acho que tudo é consequência do que fazemos. Pura física. Ação e reação.
-E se tiver mais algum fator? Como Deus?
-Há o livre arbítrio - Replico.
-Acredita em destino, querida?
A pergunta me pega desprevenida.
-Não gosto de pensar que não controlo minha própria vida. - Decido.
-A vida é como um pássaro - Ele diz. Estou esperando algo poético, mas não é bem o que recebo. - É muito linda, até cagar na sua cabeça.
Me acabo de rir, simplesmente.
-Amei isso - Sorrio. - Verdades com Louis Wolf, volume 1.
-Tem falado com Johnny?
-Não exatamente.
-É uma pena, sabe? - Ele comenta. - Vocês dois têm uma amizade muito antiga para ser perdida por causa de algo tão bobo.
-O problema não está totalmente no beijo - Digo. - O fato é que ele havia me prometido, e se revelou um mentiroso. E eu o defendi sempre que Dani dizia isso dele. Sempre que o senhor dizia isso dele. - Suspiro. - Fiquei do lado dele até o fim, mas ele não deu a mínima.
-Pessoas erram - Ele diz. - Mas não devemos deixar de amá-las por isso. Especialmente as pessoas que estão dispostas a mudar para nunca mais cometer o mesmo erro. É errando que se cresce.
O modo como ele diz me faz pensar se está falando somente sobre Johnny.
-Não estou pronta para perdoá-lo - Agora também não sei se estou falando sobre Johnny.
-Ninguém disse que seria fácil. Mas algumas coisas valem o esforço.
-Só tenho de descobrir se essa é uma delas.
Ele ri.
-Nunca achei que conversar com uma garota de 13 anos pudesse ser tão educativo. - Comenta.
-Tenho 12.
-É? - Ele franze o cenho. - Parece mais velha. Enfim. Posso ver por que meu filho gosta de você.
Não respondo.
-Está anoitecendo - Ele observa. - Tenho de ir. Quero passar essa noite com a minha mulher.
-Ok. Boa noite, sr. Wolf.
-Boa noite, querida. Siga seu coração.
-As pessoas ficam me dizendo isso, mas meu coração não parece querer fazer muito além de bater, esse desgraçado.
Ele apenas ri e se afasta. Percebo que gosto da forma como ele ri de todas as besteiras que falo. Como se me achasse extremamente interessante e enigmática.
Duas coisas que não faço esforço algum para tentar ser.
Durmo bem essa noite. Acordo sorrindo pela primeira vez em dias. Tomo café da manhã sozinha. Onde está Johnny?
O encontro sentado na varanda, com uma cara que nunca vi.
Parece simplesmente desolado.
Não consigo deixá-lo lá sozinho. Não sou vingativa e sem coração o bastante.
-Está tudo bem? - Indago, me aproximando e sentando na cadeira de balanço ao seu lado.
-Você acordou tarde hoje - Sua voz soa como um gemido agudo, e demoro algum tempo para entender o que ele disse.
-É? Que horas são?
-Onze e cinquenta e seis - Ele diz, olhando o relógio atrás de si.
-Onde está seu pai? Ele já acordou? - Pergunto, sabendo que já está passada da hora de ele acordar.
Ele encara o horizonte, mordendo o lábio com tanta força que posso ver o sangue escorrendo dele.
-Não. E nem irá - As duas frases expressam simplesmente dor. Exploro suas palavras, pensando em um significado ambíguo.
Não encontro nenhum.
-Jonathan. O que...?
Mas então ele - sem dar a mínima, como sempre - simplesmente encosta em meu ombro e começa a chorar. Lágrimas amargas, uma sensação desconhecida para mim.
Ele vasculha o bolso da calça e me dá um bilhete escrito em letra caprichada.
"Olá, garoto. Se encontrou isso quer dizer que morri, e por isso sinto muito. Há tanto que quero lhe dizer! Por onde começo? Ah, sim. Câncer nos pulmões, como o IML vai constatar. Sua mãe sabia disso, caso esteja pensando em ir contar sobre esta carta a ela. Gostaria que não o fizesse. Sei que vai mostrar à Lolla de qualquer forma, e não estou mais em condições de impedi-lo.
Bem, Jonathan, eu sempre trabalhei muito. Sei disso. Mas nunca um grão de comida faltou em seu prato, o que considero uma grande vitória. Talvez não tenha sido o pai que sempre sonhou, mas tenho muito orgulho de você. De verdade. Não sei se contribuí muito com o seu caráter (algo que você tem de sobra), mas me sinto honrado por ter assistido você virar o garoto de 14 anos mais maduro que conheço.
É tão gentil e preocupado, além de nunca ter dito uma palavra ruim sobre alguém. Gostaria de ter visto a garota sortuda que vai se casar com você, mas o destino não quis que eu a conhecesse. Mas assistirei tudo aqui do céu.
Não sei se já lhe disse, e por isso também sinto muito, mas eu te amo, filho.

Adeus.
--Louis Wolf (Acho que deveria ter assinado como 'Pai', mas odeio rasuras)"
Leio a carta três vezes antes de devolvê-la. Quero chorar também, mas não posso. Tenho de ser forte.
Por Louis. Por Johnny.
Mas me sinto extremamente feliz quando a mãe de Johnny chega e eu posso me mandar daqui.
Esse é um momento da família deles, e não posso atrapalhar.
Então apenas me jogo em minha cama. Por costume, coloco o braço dentro da fronha do travesseiro. Lembro que não trouxe a foto e começo a tirá-lo.
Espere! Mas há algo aqui dentro. Pego um envelope caprichado e o abro. Reconheço a caligrafia, apesar de só a ter visto uma vez.
"Bom dia, querida. Há essa hora já deve saber do ocorrido. Me sinto estranho escrevendo coisas para que as pessoas leiam após minha morte. O fato em si não é estranho, mas sim a parte onde sei que a data está próxima. Gostaria de poder falar disso com você, pois sei que entenderia melhor do que ninguém, mas decidi que quero passar meus últimos dias em alegria.
Quero começar agradecendo. Obrigada por ter me feito enxergar a vida de uma forma diferente, vendo um lado que não conhecia. Obrigada por não ter me privado daquela noite com meu filho, pois a considerei extremamente especial.
Eu particularmente adoro você, mas não adoro você com o meu filho. Desculpe. Mas ele precisa de você. Agora mais do que nunca. Ele encontrará alguma razão para culpar a si mesmo pela coisa toda - você sabe que encontrará - e vai precisar de um ombro.
Sua vida é complicada, sei disso melhor do que pensa, mas sabe que há mais coisas a serem tratadas lá fora do que apenas seu relacionamento com o filho de Apolo *risos* [...]
.
Paro de ler, assustada. "Filho de Apolo"? O pai de Johnny não poderia... Não. Simplesmente não. Ele somente fez uma comparação pelo fato de Dani ser bonito. Continuo lendo, tirando isso de minha mente.
[...] Sabe disso. E, quanto ao seu bom coração, sabe que possui um. Porque, mesmo estando brava com Johnny, vai consolá-lo e ser forte por ele. Mas nada dura pra sempre, querida. Saberá o que fazer quando chegar a hora.
Gosto de observar seus olhos. Eles dizem mais do que a sua boca, mas ao mesmo tempo são confusos e temperamentais.
É diferente de todos que já conheci, e isso é longe de ser ruim. Se você é sortuda o bastante para não ser igual a todos, nunca mude isso.
Ah, e Lolla: Não é sua culpa. Lembre disso.
Irei sentir sua falta, por mais brevemente que tenha lhe conhecido. Ah, e não fale dessa carta a Johnny.

--Louis Wolf"

Embaixo de sua assinatura há outra. Não consigo ler o que está escrito. Posso ver que a primeira letra é 'F', e o que vem depois se assemelha a um... 'L'? Não sei.
Tenho tantas perguntas...! Não é sua culpa, a frase retumba em minha cabeça. O QUE não é minha culpa? Sua morte? A parada com Johnny? Dani? O acampamento? A fuga? A guerra, ou seja lá o que está vindo?
Não tenho respostas. Por poucos dias o sr. Wolf foi meu porto seguro, e agora ele se foi. Estou sozinha.
Sentindo a perda, deito em minha cama e choro com a cabeça enfiada no travesseiro por longos e dolorosos minutos.
Passo o dia com Johnny. Canto "His Eye Is On The Sparrow" e mais algumas músicas góspeis sobre perda.
-Falei com a minha mãe hoje - Ele diz. - O funeral é no Sábado.
Em três dias, completo em minha cabeça.
-E depois é só superar - Suspiro.
Não sei como é a sensação de perder alguém tão próximo. Não tive pai em minha infância inteira, então não consigo sentir falta de um.
-Isso - Ele encosta a cabeça em meu ombro e ficamos um minuto em silêncio, apenas refletindo.
Dois dias se passam. Johnny está sentado à beira da piscina (a qual não entrei nem diante de seus "porfavorporfavorporfavor"). Estou do outro lado da chácara, sentada na grama.
Ouço passos atrás de mim.
-Não estou com fome, sra. Wolf - Digo, sem virar a cabeça. Sem resposta. Mais passos, ficando mais perto. - Johnny. Me deixa um pouquinho.
-Não vai dar, não, princesa.
Essa não é a voz gentil e suave de Johnny. É a voz irritante e sarcástica da única pessoa no mundo que me chama de "princesa".
-HUDSON! - Berro, me virando. Sinto algo ao o ver. Algo que classifico como... surpresa, no mínimo.
Entretanto, ele está aqui. Zackary Hudson, com seus cabelos castanhos despenteados, olhos verdes e pele bronzeada. Ah, e seu sorriso, que hoje está expressando algo como "Eu me sinto sexy. Eu sou sexy.". O sorriso que mais odeio, e ele sabe disso.
-Minha segunda californiana branquela favorita! - Ele vem me abraçar.
Não tenho tempo suficiente para o afastar e acabo ganhando um abraço.
-Como vai o acampamento sem mim? - Sorrio, secretamente imaginando passagens de Bethany queimando viva em alguma ideia brilhante de Ashley para os treinos de espada e escudo.
-Uma droga. A gente nem conversa direito. Eu espalhei por aí que você foi para o Spa da sua mãe no Vaticano. Espero que não se importe.
-Ótimo! Bem longe! Acho que minha mãe nem sabe onde fica o Vaticano, mas ok.
Ele faz uma cara de "eu também não sei", à qual ignoro.
-Como está Lucy? - Pergunto.
-Estava arrasada no começo. Ficou legal 3 dias atrás.
-Oh - Digo. - E Ash?
-Bem.
Não quero fazer a próxima pergunta, mas ela sai de minha boca antes que eu possa controlar:
-Como está Daniel? - Fito-o.
Ele morde o lábio.
-É, hm, ele está bem deprimidinho, sabe? O Chalé 10 parou de tentar ajudá-lo a "te superar", ou sei lá, há algum tempo atrás, porque toda vez que elas se aproximavam ele começava a balbuciar comparações. Como quando uma delas disse "Pizza!" e ele começou a falar algo sobre você amar pizza de dois queijos. Enfim.
É bem capaz de ele ter feito isso só pra escapar das longas conversas delas, mesmo. Conheço aquele pestinha loiro.
-Hm - A próxima pergunta sai sem querer, também. - Por que você está aqui, e não ele? Afinal, por que raios demoraram tanto?
-É... é uma história engraçada... - Zack dá um sorriso fraco.
-Zackary Hudson!
-Não fui eu! Foi a minha irmã! Eu juro!
-Desembucha.
-Depois - Ele decide. - que decidir voltar.
-Eu... - Olho pra baixo. - Não posso agora. Johnny...
-Vai sentir sua falta. Ok. Legal. Ele supera. Vamos?
-Não, seu demente - Censuro. - O pai dele morreu na quarta.
-Ah! - Ele morde o lábio, constrangido. - Eu... eu não...
-Tá, Hudson. O garoto precisa de mim. Eu prometi a seu pai... Afinal, como você entrou aqui?
-Uma mulher de vestido amarelo com bolinhas azuis me deixou entrar.
-A sra. Wolf? Duvido. Eu nunca falei de você.
-Ah, sobre isso... - Ele dá outro sorriso fraco. - Eu meio que disse que meu nome é Daniel Knowles.
Fuzilo-o com o olhar.
-E como chegou aqui?
-Eu andei do portão até...
-Não, droga. Como chegou na chácara.
-Ah - Ele enrusbece. - Eu... hmmm... tive uma ajudinha.
-De quem?
-Não importa.
-Enfim. Não posso deixar Johnny. Não agora.
Zack me fita por um momento, parecendo decidir algo. Por fim, levanta.
-O que vai fazer? - Indago.
-A coisa certa - Ele bufa.
-Duvido.
-Também não acredito. Talvez você me inspire a ser uma pessoa melhor.
-Não tenho dinheiro pra emprestar. Parou com os elogios.
-Nem uns 50 dracmas para umas bombas de bosta??
-Não, Zack.
-Me chamou de Zack!
-Certamente que não, Hudson. Vai logo.
-Já volto! - Ele diz, antes de sair correndo.
Seu "já volto" dura 37 minutos.
-Pronto - Diz, tentando sorrir.
-O que fez?
-Conversei com Johnny.
-Ah, é? E o que disse? - Levanto uma sobrancelha.
-Tentei... confortá-lo.
-Estou fazendo isso há dois dias.
-Não, Lolla - Ele revira os olhos. - Não estou falando daquele conforto gay de "vai passar, vai passar...". Conforto de verdade. Eu... eu contei a ele minha história.
-Fico imaginando quais mentiras dignas de Hollywood você inventou.
Ele me encara.
-Olha, eu sei que você estava numa fase difícil, e que esse garoto te ajudou, e...
-"E" nada! Isso é tudo!
-Fugir é maravilhoso, Aryan - Ele olha para o céu. - Se sentir livre. Deixar os problemas para trás. Recomeçar.
-Ah, é? E por que o "Sr. Capitão do Time de Futebol" fugiu? Mamãe não te deixou ir na baladinha? A namoradinha líder de torcida deu o pé na bunda do Zackinho, foi? - Zombo.
Ele me fita, tentando esconder a frustração.
-Nunca se perguntou por que me mudei tanto? Ou o porquê de eu nunca ter mencionado meus pais?
-Não conversamos muito - Dou de ombros.
Ele suspira e olha bem em meus olhos por 30 segundos.
-Eu sou adotado, Lolla.
-E aí? Conheço muita gente adotada que vive feliz com os pais adotivos.
-Sobrou um pouco de compaixão aí dentro? - Ele levanta uma sobrancelha. - Eu não sou uma dessas pessoas, ok? Minha mãe era algum tipo de adolescente bêbada que me deixou na porta do orfanato à noite depois que meu pai a largou com um bebê recém-nascido.
-Quantos tutores teve? - Fito-o, sem saber mais o que dizer.
Ele faz uma conta rápida nos dedos.
-Sete. Oito, se contarmos os Germains, mas eu só fiquei lá por um dia.
-E por que não mais?
-A filha deles, Patty, tinha algum tipo de quedinha obsessessiva por mim, e eu a recusei, porque ela era minha, hm, irmã. Aí ela pôs maconha na minha mala e falou para os pais dela que eu era drogado. - Ele revira os olhos.
-Uh - Olho, horrorizada. - Nunca subestime uma garota de coração partido.
-Ela era louca! Doida de pedra! Estudava na minha escola e pagou aos próprios pais pra eles me adotarem! - Ele bufa. - Isso foi em New Orleans. Eu tinha 12 anos.
-E você era sempre expulso por causa de... hm, garotas? - Pergunto, cuidadosa.
-Ahn, mais ou menos - Ele faz uma careta. - Os Germains, os Waldorf, os Levine e os Arties sim. - Ele para. - Mas eu só fui culpado em UM. - Acrescenta, rapidamente.
E então ele começa a me contar. Amanda Levine, da Pensilvânia, o perseguia e ficava tentando conseguir um tempo sozinha com Zack durante os 3 meses que ele ficou lá, até que ela o beijou e os pais dela viram a cena. Isso fora a roupa de prostituta que ela estava usando, outra coisa que também acabou como culpa do garoto. Segundo Amanda, ele "sempre tentava ficar sozinho com ela e dessa vez a ameaçou com coisas horríveis". Zack teve de fazer as malas de novo, mas pelo menos roubou o crack do vizinho e colocou na bolsa de maquiagem de Amanda.
Lindsay Artie, de New York, tinha 15 anos e ficou grávida do namorado. Adivinha de quem ela disse para os pais que era o bebê? Hudson caiu fora de novo.
-Mas teve a Rachel Waldorf, Ohio - Ele me fita por um momento, como se essa lembrança fosse a que mais doesse. - Fiquei nos Waldorfs por um ano inteiro. Rachel era a filha perfeita deles. Notas perfeitas, quarto sempre arrumado, cabelos sempre penteados... Era o orgulho da mamãe e do papai. Ela era um ano mais nova do que eu. Eu tinha 13 anos, acho.
-Você não tem 13 anos? - Levanto uma sobrancelha.
-Quatorze - Ele corrige. - Rachel tinha cabelos castanhos claros, e olhos azuis como os seus. O sorriso dela era bondoso e brincalhão, e eu amava a expressão que ela fazia quando eu dizia algo que ela não estava esperando. Era inverno quando aconteceu. Véspera de Natal. Eu estava sentado na escadaria de pedra da casa, observando a neve cair. Ela se sentou ao meu lado, me oferecendo uma bolinha de queijo. - Ele sorri. - Começamos a conversar. Ela me perguntava as coisas de forma animada, realmente se preocupando com a resposta. Ela me interrompeu em um momento e olhou para cima. "Um visco", foi só o que disse. Eu olhei em seus olhos profundos, ciente de que era idiotice, antes de me inclinar e a beijar. - Ele morde o lábio.
-E ela contou aos pais? - Pergunto, interessada.
-Não - Ele balança a cabeça. - Começamos a namorar em segredo. O pai dela desconfiava, e passou a me tratar com mais frieza. Lembro-me até hoje de suas palavras exatas quando descobriu... "Que tipo de playboy galinha você pensa que é, saindo às escondidas com a minha filha? Você não é bom pra ela! Tem médias ruins, fama ruim, e nada na cabeça! Não lhe dará nenhum futuro!". - Ele suspira. - Rachel estava na sala também, escondida. Ela chorava baixinho enquanto ouvia seu pai me ordenar ficar longe dela há menos que quisesse ser mandado de volta ao orfanato e arrumar sérios problemas para a Rachel.
-Mas... como o sr. Waldorf descobriu sobre vocês dois?
-Ele achou uma carta que ela me escreveu - Conta. - Mas a Rachel não queria saber de fingir que nada havia acontecido. Ela invadiu a sala, irritada e com lágrimas nos olhos, e começou a me defender. De verdade. Ela foi a primeira pessoa que fez isso em toda a minha vida. E quando seu pai lhe perguntou se ela queria mesmo discutir com ele e perder tudo, ela apenas me fitou e respondeu: "Nunca terei perdido tudo se ainda o tiver. Eu o amo". - Ele me encara por um momento. - E então ela se aproximou de mim e me beijou. Eu sabia no fundo que era um beijo de adeus. Ela não podia ir para o orfanato comigo. Eu nunca me perdoaria se algo lhe acontecesse por minha causa. - Ele balança a cabeça. - E aquela noite no orfanato... Foi a primeira vez que chorei por uma garota.
A dor está estampada em seus olhos, e ele parece simplesmente mal. Sei pela sua expressão que não contou essa parte a Johnny. Zack não aguentaria a contar duas vezes.
Penso em abraçá-lo, mas decido que só o farei se meu cabelo pegar fogo e o braço de Zack for o último balde d'água do universo.
Talvez nem assim.
-Você tem um coração! - Me surpreendo.
-Pois é. Triste, não? - Ele ri. - Eu gostaria de vê-la de novo. Para ter certeza de que está bem. Eu já a superei, claro. Apesar de que sei que terei 90 anos e ainda lembrarei daquela noite. Mas estou com Ash. E ela é incrível. E eu a amo.
-Já disse isso a ela?
-Ela vai rir da minha cara.
-Bom garoto - Sorrio. - Não diga. Demonstre.
Ele fica um pouco corado.
-Bem, acho que minha história não é exatamente o que imaginava, certo, princesa?
-Hm, é - Admito. - Mas tem um lar no acampamento. Sabe disso.
-Você também tem - Ele diz. - Sentimos sua falta. De verdade. Os treinos de espada e escudo estão mais chatos do que a aula de tricô da sra. Freggley.
-Ah, meus deuses! - Grito. - CONHECEU a sra. Fleggley?
-Eu morei em São Francisco aos 10 anos, lembra-se? - Ele sorri.
-Mas não estudou na minha escola.
-Talvez você estivesse ocupada demais cantando Barbra Streisand na aula de teatro para me notar.
-Ou talvez você se escondesse de mim. E desde quando sabe quem é Barbra Streisand?
-Talvez eu tenha pesquisado no Google - Ele me fita. - Ainda não confia em mim, princesa?
-Você talvez não seja tão idiota assim, Hudson.
-Essa é a coisa mais legal que já me disse - Observa.
-Não se acostume.
-Você me ama, Aryan. Admita.
-Nem se eu estivesse morrendo de fome no deserto e você tivesse o último X-Salada do universo!
-Então é assim?
-É.
-Tá.
-Tá!
Mas aí apenas rimos e ficamos um tempo observando o céu. É um momento de entendimento súbito. Duas pessoas com famílias ferradas e experiências cruéis em serem rejeitados juntos, tentando entender que a vida segue.
Talvez tenhamos mais sobre o que conversar do que jamais ousei imaginar.
Zack pega duas latas de Coca-Cola que parecem ter saído magicamente dos bolsos de sua jaqueta e me dá uma.
-Proponho um brinde - Diz.
-À nossas famílias escrotas - Decido, levantando a latinha.
-Saúde - Concorda, batendo em minha latinha.
-Mas eu ainda não posso voltar - Digo. - Johnny precisa de mim. Não posso abandoná-lo.
-Precisamos de você - Suplica. Ele reluta antes de usar o próximo argumento. - Ashley precisa de você.
-Duvido.
-Ela... sente sua falta, ok? Qualquer um pode ver.
Uma das coisas que mais odeio em Zack é o fato de eu nunca saber se ele está mentindo ou não.
-Prove!
Ele bufa e pega seu Ipod no bolso.
-Isso não sai daqui - Ele me dá o aparelho, que começa a mostrar um vídeo de Ashley tocando teclado. Dá pra ver que ela não sabe que está sendo filmada.
I couldn't tell you why she felt that way, she felt it every day - Ela começa a cantar, de forma suave e baixa. É "Nobody's Home", da Avril. Eu nem sabia que ela conhecia essa música. - I couldn't help her. I just watched her make the same mistakes again. What's wrong, what's wrong now? Too many, too many problems. Don't know where she belongs. Where she belongs.
Nunca a vi cantar com tanta emoção. Não consigo ouvir o refrão sem começar a ter que esconder as lágrimas. Há dor em sua voz. Dor!
Quando o vídeo termina, Zack guarda o Ipod e me fita.
-Ela precisa de você. Eu preciso de você. Nós precisamos. O acampamento todo.
-E Johnny também. O pai de Ash não morreu.
-Eles querem mandar Lucy para uma missão com Dani para resolver algo sobre uma adaga. - Confessa, de repente.
Sinto minha cara ficar branca de terror. Começo a suar frio.
-...Aryan, você... você está bem? - Ele me fita, preocupado.
A adaga... O papel... Lucy. Sou tão estúpida! Quatro anos e como não pensei nisso?
-ESTÚPIDO! POR QUE NÃO ME DISSE LOGO? - Berro, levantando.
-Quíron me fez prometer que eu só usaria esse argumento como última opção - Ele me encara. - Agora sei por quê.
-Levanta logo essa bunda gorda daí - Xingo. - Temos uma longa viagem até Long Island.
-Já estava começando a sentir falta dessa Aryan!
A conversa com Johnny é mais fácil do que pensei. Cito a guerra e Lucy, mas Zack realmente fez um bom trabalho.
-Toma - Johnny diz, tirando algo do bolso. É a sua foto da sorte. - Fica.
Depois de uma longa discussão, a ponho no bolso. Me despeço, pego minha mochila e saio correndo pelos portões, com Zack ao meu lado.
Paro de repente, fecho os olhos e sussurro "Deixe Johnny bem", peço à foto. Porque não há mais nada que eu queira ainda mais nesse momento.
-Afinal, como sabia onde era a chácara? - Fito Zack.
Como resposta, ele aponta para a porta do carro se escancarando e uma pequena massa de cabelos loiros saindo do veículo e berrando a plenos pulmões.
-LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOLLA! - Lucy Wolf aparece, me abraçando com força. - Sua feia. Nem me deu tchau.
-Tchau, Lucy - Rio, sem tentar esconder a felicidade por vê-la.
-Viu? Nem é difícil. Como foi com Johnny? Vou lá lhe dar oi! - Diz, já me soltando para correr para a chácara.
Eu a seguro, impedindo-a de ir. Provavelmente Jonathan vai deprimí-la. A garota tem 8 anos. Acabou de me reencontrar. Já sofreu muito. Não precisa saber que o tio faleceu agora.
-Ele está dormindo - Minto. - Está cansado. Eu já o acordei pra dar tchau e ele ficou meio irritado. Imagine se você o acordar de novo!
Ela não é burra e eu não consigo mentir para ela. Por fim, Lucy acaba concordando e nós entramos no carro.
-Deixou que Zack dirigisse? - Levanto uma sobrancelha para ela.
-Ele era o único que alcançava o pedal - Ela dá de ombros.
-E desde quando o senhor dirige, Hudson? - O encaro. - E pensar que a minha Lucy passou horas num carro com um garoto irresponsável de treze anos dirigindo por uma estradinha de terra. Deuses.
-Quatorze - Ele corrige. - E eu já roubei o carro do meu pai algumas vezes.
-Eu não confio em você - Digo.
-Bem, eu nos trouxe até aqui, certo? E pareço mais ter 16 anos do que você.
-O guarda vai nos parar de qualquer jeito.
-Só se nos pegarem - E então ele dá um sorriso travesso típico de Hermes e fico ainda mais hesitante.
-Vamos - Cedo, sentando no banco do passageiro. - Lucy veio no banco de trás, certo? Com o cinto de segurança?
-Claro, mãe - A filha de Athena revira os olhos, entrando no banco de trás.
-Se morrermos por sua causa, Hudson...
-Relaxa, princesa - Ele revira os olhos e liga o carro.
-Zackary Hudson.
-Que é dessa vez?
-O cinto! - Fuzilo-o.
-Aryan!
-HUDSON!
Por fim estamos todos sentados e de cinto e finalmente saímos em direção à Long Island.
Uma hora depois, ouvindo todos os CDs de Heavy Metal de Zack, estou irritada e de saco cheio.
-Desliga esse barulho infernal, Hudson!
Abro o porta luvas e começo a procurar CDs decentes.
-OMG! Wicked! - Berro, de repente.
-Quem? - Zack me encara.
-O musical da Broadway, dã. Idina Menzel. Bruxas. Não conhecem? - Suspiro. - Deuses. Bem, então agora vão conhecer! - Sorrio, colocando o CD no rádio.
E aí eles ficam mais uma hora me ouvindo berrar toda a trilha sonora. Lucy particularmente me pede para voltar em "Popular" diversas vezes porque ela ri toda vez que ouve. E eu fico pondo em Defying Gravity para treinar o maldito Fá 5.
-Even in your case... No offense - Lucy canta junto, rindo.
-AND YOU WON'T BRING ME DOOOOoo. - Bufo com a tentativa frustrada e volto a fita. - Kiss me goodbye I'm defying gravity, AND YOU WON'T BRING ME DOOOOOOOOOow... - Minha voz falha de novo. - Droga.
E aí é Zack que não aguenta mais.
-Desliga esse barulho infernal, Aryan!
-Não vou mais aguentar Slipknot!
-Nem eu Broadway!
-Então põe Country!
-Heavy Metal!
-Alternativo!
-Rap!
-CLASSIC ROCK! - Dizemos ao mesmo tempo.
Nos entreolhamos por um minuto e passamos as próximas horas felizes com Guns'n Roses.
-OOOOOOH
-SWEET CHILD O'MINE! - Berro, erguendo os braços, sem me importar com a janela aberta.
Welcome To The Jungle, Don't Cry, November Rain, todas lindamente berradas por Hudson e Aryan.
Depois colocamos Aerosmith. Ambos somos apaixonados por Cryin'. Mas quando chega uma outra em especial...
-I could stay awake just to hear you breathing... - Zack canta I Don't Wanna Miss a Thing. - Watch you smile while you are sl...
É a música do Aero que Dani cantou no Anfiteatro mês passado.
Sem dizer nada, passo para a próxima faixa. Dream On.
-Ei! - Ele reclama.
-Desculpe - Mordo o lábio. - Ela traz... lembranças ruins.
-Que seriam...?
-Dani cantou pra ela, débil! - Lucy berra do banco de trás.
-Ah - Ele fica corado. - Que tal mais uma Sweet Child O'Mine? - Me fita.
-Fechado - Sorrio, trocando o CD.
-SHE'S GOT A SMILE... - Ele berra.
Estamos tão entretidos que nem percebo que já entramos na rodovia. Ou que estamos fazendo muito barulho.
-OOOOOOOH SWEET CHILD O'MINE! - Berro.
-Lolla!
-OH OH OH OH SWEET CHILD O'MINE! - Zack acompanha.
-Zack!
-SWEET CHILD O'MINE!
-EI, CALEM A BOCA, VOCÊS DOIS! - A garotinha berra. Silêncio mortal. - Talvez queiram saber que tem um guarda nos seguindo há 10 minutos.
-Ele está só na mesma faixa, Lucy - Tranquilizo. - Estamos em uma rodovia. Ninguém fica trocando de faixa aqui.
-Ah, tá. É por isso que ele está com a sirene ligada, sem ter nenhuma intenção de nos ultrapassar?
Uh.
-Vamos parar naquele posto de gasolina - Zack sugere, apontando. - Assim pode ficar com a mente tranquila.
A coisa sai do plano original quando o policial vem realmente falar conosco no momento em que estacionamos.
-Ei, garotos! - Um cara negro, um pouco acima do peso, de farda azul e dentes extremamente brancos vem até nós. Não dá tempo de entrar no carro e sair correndo. - Quem está dirigindo?
-Eu - Zack toma a dianteira. - Patrick Smith, senhor.
-E quantos anos tem, sr. Smith?
-Dezesseis.
-E onde estão seus pais?
-Eles estão em casa - Me pronuncio. - Os meus estão trabalhando. Geralmente vêm buscar minha irmãzinha, Nicole, que estuda do outro lado da cidade, mas eles ficaram presos até depois do horário e eu tive de pedir ao meu... hm...
-Namorado - Zack pega minha mão, parecendo tão desconfortável quanto eu. - Lhe dar uma carona. Nossas férias começaram uma semana mais cedo, então eu estava livre. E aqui estamos. - Ele suspira.
-Ah, sim. Só deixe-me ver sua carteira de motorista e vocês estão livres - O policial sorri.
Zack finge revirar os bolsos, confuso.
-Ué. Onde está? - Ele me fita.
-Aaaah, ah, meu Deus! - Lucy finge se dar conta, falando com a voz mais infantil e fina do que o normal. - Você me deu pra eu mostrar na escola e eu esqueci lá!
-Z... Patrick não te deu a carteira, Nick - Fito-a, fingindo reprovação. - Você pegou emprestado as coisas sem pedir de novo, menina? Que coisa feia! Espera só até mamãe ficar sabendo disso!
-NÃO! - O rosto dela fica branco. - Não! Por favor, mana! Prometo que não faço mais! Por favor! Eu só queria mostrar para a Brittany!
-Talvez possam terminar de se entender na delegacia... - O policial sugere.
-Mamãe vai adorar! - Ironizo, seca. - Obrigada, Nicole.
E então Lucy, no seu ápice de atriz, se joga nos pés do guarda e começa a chorar.
-Não, moço, não! A mamãe... a mamãe é muito má, moço! Ela vai me castigar muito e o Patrick e a minha irmã vão perder a reserva do almoço que eles iam juntos! Eu estrago tudo! Devia ter ficado trancada em casa pra sempre!
Até eu me comovi, cara. E isso não é fácil.
-Nicole. Nick! - Chamo, fazendo-a levantar. - Bem, senhor, se tem de nos levar... - Olho bem em seus olhos por alguns segundos, e tento fazer a melhor cara de anjinho que consigo, mordendo levemente o lábio rosado.
-Ei! - O guarda me fita, de repente. - Você conhece Alexandra Aryan?
O nome me faz cerrar os dentes. Zack percebe e fala antes de mim:
-Por quê?
-É que a sua namorada se parece muito com ela! Estudamos juntos no segundo grau! Acho que ela nem se lembra de mim.
-Aaah, claro! Ela falou muito de você! - Minto, sorrindo. - Larry - Digo, olhando seu crachá. - Acho que ela tinha até uma quedinha por você!
Seus olhos brilharam.
-É... é mesmo?
-Definitivamente - Fito o carro e encaro Zack. Ele assente. Sento no banco do passageiro enquanto falo. - Somos filhas dela. Sabe o quanto ela trabalha, certo? Muito esforçada!
-Ah, claro! - Larry concorda. Lucy entra no carro. - Tenho certeza de que ela está muito feliz vendo a filha mais velha com um rapaz tão bonito e simpático.
Ha. Ha ha. Ha ha ha ha ha.
Zack percebe que vou rir e vem do lado do carro apenas para pisar no meu pé.
-A sra. Aryan é demais! - Ele sorri. - Nós nos damos extremamente bem! E Lolla é incrível, claro. Puxou Alexandra.
Decido que é uma boa ideia ele não ter mentido sobre o meu nome.
-E Patrick é um cavalheiro! - Dou o sorriso menos amarelo que consigo para Zack. - Certo, amor?
-Claro, querida. Tudo por você.
Essa conversa já está me dando ânsia. Tipo, de verdade.
Mas ao pensar na cena de Lucy se jogando no chão, decido que meu estômago terá de ser forte.
Zack entra no carro. Fecho a porta e abro o vidro.
-VAAAAMOS, mana? - Lucy me fita do banco de trás.
-Já estamos indo, Nick! - Respondo.
-Aah, vejo que precisam ir! - Larry me fita. - Foi bom conversar com vocês, de qualquer forma! Nos vemos por aí, Lolla!
-Claro que sim, senhor! Vamos marcar de almoçar qualquer dia!
-Sim, sim! Mande lembranças à sua mãe!
-Mandarei! Adeus! - Sorrio uma última vez e bato na perna de Zack para que ele acelere logo essa droga de carro.
Em poucos segundos estamos bem longe de Larry e da confusão.
-Namorada? - Levanto uma sobrancelha para o Zack.
-É. Amiga seria sem graça. Mina-que-me-odeia-e-é-melhor-amiga-da-minha-namorada seria bem mais complicado. É melhor fingir que somos um casal feliz que foi ajudar papai e mamãe com a irmãzinha. - Ele dá de ombros.
-Entãão... - Lucy começa, já falando com a voz normal. - Que casalzinho lindo esse que vocês dois formam! Certo, princesa? - Ela provoca.
-Cala a boca, Nick, ou eu vou contar pra mamãe.
-Pelo menos se ele ligar pra sua mãe e falar de Nick, podemos não passar tão mentirosos. - Zack ri.
-Exceto sobre um tal de Patrick e nenhum sinal do Dani. - Lucy dá de ombros. - E mamãe realmente fica tão feliz porque Patrick é tão gentil, bonito e cavalheiro... Sabe o que eu teria pagado pra ver? A cara da Lolla se Larry falasse sobre beijos.
-UGH! Que nojo! - Dizemos os dois ao mesmo tempo, quase colando em nossas portas.
-Podemos mudar de assunto antes que eu vomite no Hudson? - Peço.
-A favor! - Zack concorda. - Ela me odeia.
-Você é idiota!
-E você é uma sabe-tudo!
-Prefiro o termo "Mais inteligente do que você u-u - Retruco.
-OOOOOOOH SWEET CHILD O'MINE! - Lucy berra do banco de trás.
-DE NOVO, NÃO! - Reclamamos juntos.
Ficamos em silêncio por alguns minutos.
-Então, que tal vocês me contarem o que aconteceu com o Daniel? - Indago, cética.
-É... é uma história engraçada - Lucy dá um sorriso fraco.
-Estou com vontade de rir - Replico.
-Dani fugiu com Blueberry para te procurar, sabe - Blueberry é o pégaso dele. - Mas aí... Tínhamos todos decidido que você precisava de um tempo longe de tudo isso, sabe? E aí a Selene Jasper rogou uma praga, que, hm, não deu muito certo...
-O QUE HOUVE? - Berro. - AQUELA BRUXA DESGRAÇADA! E eu pensei... eu pensei que... - Paro. - Afinal. O que houve com Dani?
-A ideia da praga era que ele esquecesse que tinha de te procurar. Mas deu bug no feitiço e ele começou a achar que você estava presa em uma aldeia de índios canibais na Amazônia. - Zack dá de ombros.
-Então... Ele está na América do Sul? - Recapitulo.
-Não - Ele corrige. - Selene jogou outro feitiço e ele caiu do pégaso perto do México. Foi feio, mas conseguimos encontrá-lo. Aí ele voltou para o acampamento e ficou um tempo sob tratamente físico e psicológico. Mas aí, 3 dias atrás, resolveu te procurar de novo e nós tivemos de tomar medidas mais mais drásticas.
Fico com medo do sorriso malicioso de Zack ao dizer isso.
-Mas no fim tivemos de vir por causa de uma missão que queriam você porque disseram algo sobre uma adaga... - Lucy completa.
-Uma missão a qual você NÃO vai! - Estipulo para a filha de Athena. - Essa adaga é problemática, esse papel é demoníaco, e você não vai se envolver nisso.
-Que papel? Quíron não me falou nada sobre papéis! - Ela levanta uma sobrancelha. Droga. - Enfim, Quíron me disse que...
-Lucy - Zack a fita, com tom de censura. E percebo que eles sabem bem mais do que estão me contando.
Ficamos em silêncio no resto todo da viagem. Quando finalmente avistamos o Acampamento, sorrio. Não consigo não me sentir em casa. Agarro minha mala e entro correndo.
Estou me dirigindo ao Chalé 1 para deixar as coisas, junto a Zack ("Deixa eu ajudar com a mala! Aí você pode me pagar as bombas de bosta!") e Lucy ("Deixa logo isso lá! Eu quero te mostrar meu livro novo!").
Mas paro de andar quando passo na frente do Anfiteatro. Há um garoto loiro no palco, mas não é Daniel.
Na verdade, não há sinal dele.
Paro no fim do salão e fico assistindo, escondida.
-Eu queria dedicar isso ao meu irmão - Matt Cavicc diz, com o microfone. - Que está passando por um período complicado, mas sei que ele vai superar. Porque meu maninho arrasa, cara! - Ele sorri e começa a cantar. - God it looks like Daniel, must be the clouds in my eyes. They say Spain is pretty though I've never been... Lord I miss Daniel, oh I miss him so much. Daniel my brother you are older than me. Do you still feel the pain of the scars that won't heal? Your eyes have died but you see more than I...
A forma como Matt usa a música é na verdade bem profunda. Usa a viagem do irmão de Elton John, Daniel, para simbolizar a viagem na mente de Daniel Knowles. E sua dor. A atmosfera me entristece, mas me prometo que manterei os olhos secos.
-Oh God it looks like Daniel, must be the clouds in my eyes... - Finaliza.
Sou a primeira a aplaudir após a última frase. Isso foi meio estúpido, porque eu não queria a atenção que acabei atraindo. Mas não pude evitar.
Matt está me encarando, sua expressão indecifrável. Logo todos os olhares estão em mim.
-Olha quem voltou pra casa - Ele sorri.
Jogo a mala no chão e vou para o palco o abraçar.
Sei lá o que deu em mim. Ele é meio que o meu cunhado, ou sei lá, mas não conversamos tanto assim.
-Desculpe - Sussurro.
-Você não fez nada.
-E sinto muito por isso - Digo. Depois disso, roubo o microfone de sua mão. - Ahn, oi, gente.
-Merda. Ela não morreu. - Bethany Houston revira os olhos.
-Triste, né? - Sorrio para ela. - Eu, hm, senti a falta de vocês. Com exceção de você - Aponto para Bethany. - E de você - E para Harmony.
E de repente apontei para todo o chalé 10 e mais um pouco, dizendo "e de você, e de você... ah, e de você".
A vida é bela.
-E - Me recomponho. - Dessa vez não pretendo fazer as malas tão cedo. Fiquem à vontade para reclamar de mim o quanto quiserem.
-You can hate on me, hateer - Matt ri, cantando.
-Cause I'm not afraaaid, what I've got I paid for.
-You can hate on me - Terminamos juntos.
Dou-lhe o microfone e saio do palco.
-Vamos, Hudson - Chamo, pegando a mala e indo para o chalé. Lucy nos segue.
-E então, maninha, quando pretende contar à Ash sobre o seu novo namorado? - Lucy me fita, zombando.
-Quando eu tiver um novo namorado - Sorrio. - E você cala a boca.
-Vamos contar pro Dani!! - Zack se anima, de repente.
-Faça isso! - Dou de ombros.
-Aaaah, então você já superou o bonitão? u-u - Zack levanta uma sobrancelha.
Não respondo.
Lucy me encara por um longo momento.
-Ela não superou - Decide, tomando a dianteira.
-Olha, a garota cuja a mãe é Athena sabe das coisas! - Ele ironiza.
Lucy dá um sorriso maroto.
-Não se diz "cuja a mãe". O certo é "cuja mãe". - Ela corrige, impaciente. - E você tem razão. Eu sei das coisas.
O filho de Hermes parece bem irritadinho com a correção.
-Está inventando isso! Não está? - Ele me fita.
Balanço a cabeça em negação, rindo.
-Olha, Lucy, eu sei que o mundo das crianças de 8 anos é um arco-íris de emoções - Ele começa. - Mas a Lolla me odeia e eu tenho uma namorada incrível. A sua 'irmã' não tem interesse algum em mim e eu não tenho interesse algum nela. Fechado?
-Nem um pouquinho? - Lucy suplica. - Ah, que droga. Achei que era mais emocionante. - Ela revira os olhos, saindo andando e pisando duro no chão.
Rio, fitando Zack.
-Parece que somos muito chatos, Patrick.
-Se você falar assim eu vou chorar! - Ele ri também.
Deixamos minhas coisas no chalé. Converso com Nicolas, e ouço um sermão por 30 segundos. Depois disso o interrompo e mudo de assunto.
-Afinal, onde está Daniel? - Levanto uma sobrancelha para Zack.
-Siga-me - Ele segura o meu braço e me puxa em direção... aos estábulos. - Ah, e foi por isso que não pegamos um pégaso.
Zack escancara porta do estábulo e o vejo de relance. Com os braços e as pernas amarrados.
-SEU FILHO DA MÃE! - Daniel Knowles está berrando, a cólera visível em seu rosto. Aparentemente, esqueceram de tampar sua boca. - QUATRO FEITIÇOS! QUATRO! EU SÓ QUERIA IR BUSCÁ-LA! ELA NÃO PODE FICAR LÁ COM AQUELE VIADO METIDO A PREOCUPADO! SEU... SEU... Ah, oi Lolla.
Finalmente ele percebe minha presença e fica com o rosto bem corado.
Estou fitando-o, meu coração batendo mais forte. Toda a minha história, desde os 8 anos até a chácara com Johnny, passa diante dos meus olhos, mas de repente nada mais importa, exceto o fato de que ele está bem.
Quando finalmente percebo que já o estou fitando há tempo demais, mordo o lábio e escondo o rosto com o cabelo.
Quero dizer-lhe muitas coisas, mas ao mesmo tempo não quero dizer nada. Não consigo classificar o que estou sentindo.
Um alívio, pelo menos. Ele continua como sempre foi, e seu rosto cora da mesma forma. Mas vê-lo também me lembra da dor.
Uma dor profunda que quero muito esquecer.
-Oi[i] - Digo, mas a palavra sai mais como um ganido inaudível.
Sem dizer mais nada, corro até ele e o desamarro. Encaro Zack.
-[i]Por que
ele estava assim? - Cerro os dentes.
-Estava causando muita polêmica, aí Selene fez um feitiço de sono nele e ele dormiu por três dias - Ele sorri. - Teríamos chegado antes que acordasse, se não fosse o policial.
-Mas por que o amarraram?
-Para o caso de ele acordar!
-Ah, vocês são doentes! Todos vocês! - Grito, cética.
-Senti falta de você impondo respeito - Dani sorri pra mim.
Antes que eu possa dizer qualquer coisa, alguém escancara a porta.
-Disseram que Lolla estava aq... - Ashley Thompson para de falar quando me vê.
-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAASH! - Berro, indo abraçá-la. - Eu senti tanto a sua falta!
-Eu, hm, também - Ela parece desconfortável, mas não me afasta. - Quíron está chamando vocês. Todos vocês.
Sentamos todos no salão de jogos, em volta da mesa de ping pong.
Todos os representantes de chalés estão aqui, e também Ash, Zack, Lucy e Nick.
-Bom dia, campistas - O centauro sorri ao nos ver. - Vou começar dando as boas vindas à nossa querida srta. Aryan, que está de volta ao acampamento.
-Obrigada - Dou um sorriso fraco.
-Muito bem - Ele diz. - Como todos sabemos, exceto Lolla...
-Ah, estou bem informada também - Dou um sorriso amarelo, já preparando os argumentos.
-Que bom, então. Como todos sabem, estamos diante de um grande caos divino, e precisamos de auxílio.
-Objetos poderosos de Zeus foram roubados - Luke Bertoloto diz, completando o pensamento.
-Também - O centauro concorda. - Mas temos algo maior com o que nos preocuparmos. O oráculo do Olimpo foi sequestrado.
-Rachel? - Nick levanta uma sobrancelha.
-Não, não - Ele balança a cabeça. - Rachel Elizabeth Dare é o nosso oráculo.
-E desde quando tem, hm, mais de um? - Fito-o.
-Tem vários! - Quíron revira os olhos. - Mas o caso é que esse oráculo sequestado é um dos mais importantes, e se nosso inimigo conseguir fazê-lo falar tudo o que sabe...
-Vai acabar mal - Dani completa. - Sabemos onde está esse oráculo?
-Não - Ele diz. - Mas há alguém que sabe. PORÉM! A visita a esse senhor não é feita há séculos. E poucos voltam para contar a história. Os únicos que sobreviveram foram concebidos com sinais e profecias antes de irem à jornada. - Ele sorri para Lucy. - E é exatamente o nosso caso. Um campeão é escolhido pelo destino para se aventurar. E, graças ao sr. Knowles, temos nossa escolhida.
A adaga. A adaga. A adaga. A adaga. Devia ter posto fogo nela quando Daniel disse que ela tinha um passado problemático!
-Espera aí - Interrompo. - Vamos mandar uma garota de 8 anos para uma missão onde 90% dos que foram morreram? - Levanto uma sobrancelha. - Parece ser um plano realmente brilhante!
-Ela não vai sozinha - Ele corrige. - Vai com Daniel. Ele teve visões que vão ajudá-la.
-O destino do mundo nas mãos de uma criança e de um garoto de 13 anos - Jean Carles, do 5, observa. - Fantástico!
-Não vou deixar Lucy ir para uma missão dessas sozinha com Daniel! Vou com eles! - Me pronuncio.
-Srta. Aryan, como eu lhe disse, campeões são escolhidos. A senhorita não teve participação na intervenção que o destino fez em relação à srta. Wolf. O destino quer que ela vá apenas com Daniel, então ela irá.
-Não podem! - Protesto, frustrada. - É idiotice! O que aconteceu com o cérebro desse acampamento? Mandam novatos, crianças, todo mundo para missões suicidas, agora? Da última vez que seguiram profecias idiotas, Zack quase nos matou!
-E é exatamente por isso que não pode ir nessa missão! - Quíron me fita. - Você é lógica demais. Se frustra e ignora o que não compreende. Não consegue simplesmente seguir seus instintos.
-Ah, não? - Digo, decidida. - Então me explique como fiz isso - Berro, tirando um papel do bolso e jogando para o centauro.
Ele o abre e observa.
-Não é possível... - Franze o cenho, confuso. - Srta. Aryan e sr. Knowles. Minha sala. Agora.
Eu sempre soube que acabaria nisso.
-Bem - Quíron começa, depois de fechar a porta de sua sala. - Eu não queria lhe dar tantos detalhes, porque a senhorita não está envolvida e...
Argh.
-Disse que Dani tinha visões. Que tipo de visões? - Interrompo, frustrada.
-Eu via uma garota - Ele diz, mordendo o lábio. - Ela penetrava na minha mente e falava comigo. Eu costumava sonhar com ela. Sonhava que ela estava em perigo, ou algo assim. Mas todos os sonhos me traziam a mensagem de que eu tinha de protegê-la. E achei que a garota era você. Por isso te dei a adaga.
Essa não é toda a história. Consigo ver em seus olhos. Mas me parece ser mais por causa da presença de Quíron do que de qualquer outra coisa a falta de informação. Então ignoro.
-Mas depois decidimos que a garota poderia ser Lucy - O centauro interrompe. - Contou algo sobre a adaga a ela, Daniel?
-Apenas que ela tinha um passado - Digo. - Ele fica branco como um fantasma toda vez que toco no assunto.
-Enfim - Quíron continua. - Fazia... um mês, mais ou menos, que Dani estava aqui no acampamento. Eu estava andando pelo terreno de madrugada, indo buscar um copo d'água...
-Conheço essa história! - Sorrio. - Encontrou sua namorada na festa de aniversário do ex também?
-Ela não é minha ex! - Dani se defende.
-Cala a boca, Daniel - Mando, irritada. - Enfim. O senhor estava andando de madrugada...
-Ah, sim - Ele retoma. - Quando passo em frente ao mar e vejo toda a cena. Daniel estava estranho. Fora de si, no mínimo. Como se estivesse bêbado, mas seus olhos estavam vidrados. Ele suava frio. Me segurou pela gola da camisa e começou a balbuciar em grego. Algo como...
-"Não está seguro" - Completo, sem conseguir me conter.
-"Os olhos refletirão a mágoa do coração..." - Dani continua.
-"...E os olhos dirão o que a boca não se atreveria a falar". - Fito-o.
-"Juntos, para o bem, razão e emoção..."
-"Nem toda luz se torna trevas na escuridão"
-"Dois mundos enfim colidir"
-"Quanto maior o laço, mais fracionariamente pode se partir" - Finalizamos.
-Contou a ela! - Quíron o acusa, irritado.
-Não! - Ele se defende, assustado. - Como sabe disso? - Me fita.


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Predestinada - Capítulo 4 Empty Re: Predestinada - Capítulo 4

Mensagem por Lolla Aryan Qui Set 27, 2012 9:35 pm

-Vinte e sete de Setembro de 2008 - Suspiro. - Usamos o que tínhamos mais próximos. Dani só tinha a adaga. Eu tinha papel e lápis.
Mostro-lhes o desenho, relutante.
-É um portão - Anuncio. - Mas há pessoas neles. Um garoto e uma garota. - Mostro.
-Lucy e Daniel - Quíron revira olhos.
-Não - Defendo. - A garota parece mais velha, e tem uma expressão mais rígida. E há algo gravado em seu braço... Reconhece esse portão, Quíron?
-Não - Diz, mas sei que algo o atormenta.
-O caso é que - Cruzo as pernas, com um leve sorriso no rosto. - Creio que estou, sim, envolvida.
-Envolvida porque desenhou um portão? - Ele me encara.
-Porque tive uma visão de uma profecia no mesmo dia que Daniel, mesmo não sendo filha de Apollo, o que dá ainda menos sentido à coisa! Afinal, o que Lucy tem a ver com a história?
-A srta. Wolf está envolvida de diversas formas. A adaga, por exemplo. Pode me dá-la?
Seguro a faca em meu bolso como se fosse minha vida.
-Não.
-Como desejar - Ele revira os olhos. - Bem, todos sabemos que há escrituras nela. Que Dani fez com alguma coisa pontiaguda que achou no chão durante a visão.[q-Um sol e um raio - Cerro os dentes. - Sem corujas. Sem Lucys.
-Não é um raio. É um livro, fechado.
-Percebe o que está fazendo? - Levanto uma sobrancelha. - Livros? Se fossem corujas, eu entenderia. O senhor está praticamente modificando todas as provas porque não quer aceitar que...
-Basta! - Ele levanta o tom de voz, irritado. - A senhorita não é a única com profecias, Lolla.
-Mas pareço ser a única com bom senso... Espere. Tem mais profecias?
-Há mais uma - Ele diz. - Há muitos anos. Sobre uma criança poderosa com olhos azuis como o céu. Jornada perigosa seguirá com o apoio daqueles com intenções puras. A prole da luz combaterá as trevas. Sozinha, perecerá. É basicamente isso.
-A prole da luz - Dani repete. - Athena é deusa da luz?
-Afinal, de que lado está? - Quíron o encara. - Sem explicações. É Lucy e pronto.
-Aaah, me poupe. Pode pelo menos nos dizer o que sabe sobre essa missão. Até onde sei, a vida de todo o mundo depende bastante de nosso sucesso.
-Pare de falar "nosso". A senhorita não vai.
-"Aqueles com intenções puras..."! Eu quero proteger Lucy! Eu a amo! O que pode ser mais puro?
Quíron não responde, apesar de parecer querer muito.
-Essa missão não lhe dará glória, Lolla. Aceite o fato de que as reverências não vão para você dessa vez.
-Ao inferno com tudo isso.
-Eu a protegerei - Dani me fita.
-Ao inferno com isso também. A profecia diz "aqueleS com intenções puras". No plural.
-Ainda mantenho minha decisão inicial, Alison!
-Está mentindo para mim. Omitindo. Não pode fazer isso! E se me chamar desse nome novamente... Querem saber? Tanto faz. Afinal, se o fim do mundo vier, morrerei satisfeita berrando "Eu avisei!" - Levanto e saio pela porta, batendo-a com força.
-O que foi decidido? - Luke pergunta quando volto ao salão de jogos.
-Dani e Lucy irão à missão.
Um murmúrio de indignação toma conta da sala.
-Daniel é bom, gente - Os acalmo. - Ele é o único com instruções claras do que fazer, afinal... Ah, de boa, podem se revoltar. Mas me chamem se forem fazer um barraco. Quero ajudar. - Sorrio, satisfeita, e saio do salão.
-A reunião não acabou! - Silena Mclean berra lá de dentro.
-Acaba quando eu disser que acabou! - Berro de volta, ainda andando.
Espero 20 minutos sentada em frente a um dos corredores que levam à sala do centauro. Quando Daniel está passando, tento falar com o garoto, mas Quíron está logo atrás e sei que seremos vigiados até a partida de Dani e Lucy.
E é aí que seguro Daniel quando Quíron toma a dianteira e nos tranco no armário de vassouras.
-Ahn, oi? - Ele franze o cenho pra mim, puxando a cordinha que acende a luz aqui dentro.
-Oi - Tento acenar, mas o armário é bem apertado.- A garota que via no sonho - Fito-o. - não era Lucy. Era?
Ele morde o lábio, olhando em meus olhos. Posso sentir sua respiração acelerada e seu hálito (que cheira a Halls preto).
-Não - Ele admite. - Eu concordei com as teorias de Quíron porque faziam mais sentido. Mas aquele dia, quando nos conhecemos, eu olhei nos seus olhos por 5 segundos - Ele dá um leve sorriso. - E simplesmente soube. E sei de novo toda vez que olho para eles.
-Isso tudo não tem lógica alguma.
-E porque tudo tem de ter lógica?
-Porque... porque... ah, porque sim, oras!
-O destino não precisa de motivos. Nossa vida tem um começo e um fim determinado. O meio é uma grande bacia de consequências e escolhas que nos levam ao fim.
-Eu decido meu fim - Cerro os dentes. - Minha vida. Eu controlo.
-E se houver algo mais forte do que o nosso livre arbítrio?
-Então essa coisa merece tomar no meio do umbigo.
-Lucy deve ir na missão - Dani me fita, impassível. - Mas acho que essa jornada merece duas loirinhas.
-Tem certeza de que a garota que via era eu?
-Absoluta - Ele assente. - Não percebe? "Juntos, para o bem, razão e emoção...". Somos nós. Razão e emoção. Uma que pensa demais e outro que age simplesmente por instinto.
-E não importa o que Quíron diga - Sorrio. - Essa budeguinha na adaga é um raio, SIM.
Ele ri.
-Seja o que for que passar pela sua cabeça, eu apoio.
É bom conversar com Daniel normalmente. E poder ficar presa num armário de limpeza com ele sem me sentir desconfortável.
-Devíamos falar com Lucy - Digo.
-Você vai tentar convencer Quíron?
-Convencer? - Dou um sorriso maroto. - Se ele não me quer na missão, receio que terá de me impedir de sair desse acampamento.
Dani parece bem satisfeito com a ideia.
-Vai ser bem mais legal com você junto. Eu não sou muito bom com crianças.
-Claro que não é - Rio. - Você ainda pensa igual a elas. "Olha, Lucy, barranco! Vamos rolar! UHUUUUU!" u-u
Antes que Daniel possa retrucar, saio do armário.
Ele me segue até o salão de jogos.
-Olha quem chegou! - James Adams sorri para nós.
-Lucy, precisamos conversar - Fito-a.
-Afinal, vocês dois terminaram? - Ash levanta uma sobrancelha.
-Sim - Digo, pensando no chalé 10 tentando "o confortar".
-Não - Ele responde ao mesmo tempo.
"Não"? Meu coração começa a bater mais rápido.
-Então não - Corrijo, vermelha.
-Então sim - Ele diz, novamente ao mesmo tempo.
Nos encaramos por um momento.
-É complicado - Decidimos, juntos.
-Eu vou... hm... - Balbucio, pensando em uma mentira. - Terminar de descarregar as malas. Quando você e Lucy saem, Dani?
-Amanhã de manhã.
-Ótimo. Me chamem para que eu possa... me despedir.
-Com um beijinho? - A representante do 4 dá um sorriso presunçoso.
-Não, e... Afinal, te conheço, minha filha? - Reviro os olhos e saio da sala.
Sento na varanda do chalé e fico lá algum tempo. Meu irmão aparece do nada, me tirando de meus devaneios.
-Você acaba de voltar - Ele sorri. - , mas parece que nunca saiu do acampamento. - E se senta ao meu lado. - Como está com Daniel?
-A gente se trancou num armário de vassouras e não nos beijamos nem nos socamos - Sorrio. - Defina isso.
-Mas... - Ele dá um sorriso pervertido. - Você queria o beijar?
-Nicolas! - Rio, dando um tapa de leve em seu braço. - A gente deu um tempo, tonto.
-Você não parecia tão certa disso lá no salão...
-Não enche - Mostro a língua.
-Acho que precisamos nos atualizar - Ele me fita. - Sabe o que isso significa?
-Ah, não!
-Sim! Eu te desafio ao Jogo das Cores!
-Qual é. Não fazemos isso desde os 8 anos.
-Ótima hora para recomeçar - Ele sorri. - Escolha uma cor.
-Azul.
-Oh, comparações de cinema! - Ele aprova. - Diga um casal do cinema que se pareça com você e o Dani.
-...Will e Ronnie?
-Quem?
-A Última Música. Nicholas Sparks, tonto.
-Enfim - Ele revira os olhos. - Eu escolho... Preto.
-Uh, relacionamentos passados - Arregalo os olhos. - Quem teve a ideia brilhante de deixar Selene cuidar para que Dani ficasse no acampamento?
-Provavelmente o Zack.
-Imaginei - Bufo. - Laranja.
-"Responda com uma canção"! - Ele bate palmas. - Uma música que te defina.
Penso por um minuto. Pego o violão.
-I don't know what I want, so don't ask me, cause I'm still trying to figure out. I don't know what's there down this road, I'm just walking... I'm alone, on my own, and that's all I know... I'll be strong, I'll be wrong... Oh I'm just a girl, trying to find a place in this world - Sorrio. - Maybe I'm just a girl in a mission, but I'm ready to flyyyyyyy...
-Essa última nota foi bonita - Ele elogia. - Que tal "Verdadeiro ou Falso" agora?
-Ok. Me torture.
Ele parece bem satisfeito com a ideia.
-Você fugiu daqui porque não suportava olhar a cara de Dani todo dia. Verdadeiro ou falso?
-Falso.
-Você gosta de Johnny.
-Defina gostar. Tipo, "gostar" ou "gostaaaar".
-Segunda opção.
-Falso - Mordo o lábio.
-Você já quis beijar Zack.
-Eca, não! Falso! Faça perguntas mais úteis!
-Voltou porque te disseram que Dani estava mal.
-Não me disseram que "mal" significava "amarrado e trancado em um estábulo"!
-Vou entender isso como um "falso"... Até onde iria para salvar Dani?
-Até o fim do mundo, e além, se for preciso. E achei que o jogo era "verdadeiro ou falso".
-Quem é a pessoa nesse acampamento com a qual se importa mais?
-Não é uma pergunta justa.
Ashley é minha melhor amiga e uma irmã. Eu a amo demais. Lucy é minha irmãzinha e eu tenho um amor e cuidado infinitos por ela. Nick é meu irmão, e nem o fato de eu o odiar profundamente às vezes pode mudar isso. E Daniel... Daniel é Daniel.
Ele é um idiota. Um retardado mental. Precisa de tratamento psiquiátrico. É um hipócrita mentiroso e me fez chorar diversas vezes.
Mas nem tudo isso pode impedir o fato de que ele é meu melhor amigo e a pessoa que mais me apoiou. Sempre.
Mesmo que sempre faça besteira e estrague todo o consolo.
O ato de sempre o perdoar sabendo que ele podia fazer de novo é considerado um masoquismo?
-Ele. Sempre ele. Ele já fez tudo o que é besteira, mas eu simplesmente não consigo deixá-lo sofrendo sabendo que posso fazer alguma coisa.
-Não acho que você deixaria qualquer pessoa sofrendo eternamente se pudesse evitar - Ele me fita. - Mesmo seu pior inimigo. Mas tudo bem. Você não precisa admitir.
-Ainda sou uma masoquista.
-E eu vou fingir que sei o que é isso - Ele sorri. - E também tem o fato de que você ama ele.
-O ama - Corrijo. - "Ama ele" não existe. Enfim. Tudo isso... Tudo isso é exaustante - Suspiro.
-Acha que ele não faria tudo isso por você?
A pergunta me pega desprevinida. Faria? Provavelmente.
-Infelizmente, o que Daniel faria e o que realmente faz são duas coisas extremamente diferentes.
-Já está escurecendo - Ele observa. - Qual foi a última vez que rimos tanto juntos?
A pergunta me dá uma sensação estranha.
-Faz muito tempo, né?
-Provavelmente antes de Dani.
-E Johnny.
-E Ashley.
-E Selene.
-Antes de tudo isso - Ele suspira. - Poderíamos fazer isso de novo qualquer hora.
-Claro, desde que o "Verdadeiro ou Falso" não vire um interrogatório - Fuzilo-o.
-Sempre foi um interrogatório - Ele dá um sorriso torto.
Sei lá no fundo que é verdade, mas isso não quer dizer que eu vá admitir em voz alta.
Durmo bem naquela noite, com os fones de ouvido tocando Colbie Caillat.
Acordo com Two Is Better Than One. Troco de faixa antes que o vocalista do Boys Like Girls comece a cantar.
Me arrumo rapidinho. Quando estou colocando meu brinco, ouço uma batida na porta.
Abro-a e dou de cara com Daniel.
-Está pronta? - Ele me fita.
É isso. Sem bom dia. E é realmente estranho acordar sem um beijo de bom dia.
-Ahn, é - Balbucio, voltando à realidade. - Entra. Estou acabando de arrumar a mochila.
Hesitante, ele adentra no Chalé de Zeus.
-Parece mesmo que está acabando - Ele ri, apontando para a mochila vazia em cima de minha cama.
-Não precisa jogar na cara - Censuro, jogando um All Star na mochila azul da Kipling e começando a pôr milhões de coisas nela - Será que eu deveria levar quantos pares de All Star?
-Só um, Lolla.
-Dois - Decido. - Hm, não cabe. Pensando bem, quem precisa de repelente? Tenho mais coisas para me preocupar do que mosquitos idiotas. - Dou de ombros, tirando o repelente da mala.
-Dá aí - Ele diz.
-Pensando bem...
Esticamos o braço ao mesmo tempo e nossas mãos se tocam por um segundo.
Nos afastamos, rapidamente.
-Bem - Digo, vermelha. - Acho melhor você levar. Estou pronta.
-Ótimo - Ele sorri. Percebo o quanto senti falta do sorriso dele. Sorriso idiota. - Eu vou chamar Lucy.
-DAAAAANI, meu camarada! - Nick aparece do nada, entrando no chalé. - Que saudade de te ver andando e sorrindo. Vem aqui.
-Parece que vocês têm assuntos inacabados - Observo. - Eu chamo a garota.
Ponho a mochila nas costas e bato na porta do Chalé 6.
-Graças aos deuses - Luke bufa quando abre a porta. - A Lucy está enchendo o saco há duas horas. Aparentemente, está bem animada com a primeira missão. Afinal, por que você está com uma mochila?
-É... é pra Lucy! - Minto. - Porque... eu não vou na missão.
-LOOOOOOOLLA! - A garotinha abre um grande sorriso ao me ver. - O que faz aqui?
-Dani me pediu para chamá-la. Vamos? - Fito-a.
E então apenas a puxo pelo braço e começamos a andar de volta ao chalé 1.
-Olha - Começo. - Eu vou nessa missão com você.
-Quíron autorizou?
-Hm, não.
-Então isso é errado, né?
-Depende do ponto de vista...
-Sem essa. Mas a gente tem que falar com Quíron!
-Não, não temos. Confie em mim. Eu e Dani vamos cuidar de tudo.
-Então agora vocês são minhas babás? - Ela revira os olhos.
-Não. Eu sou a tia que se importa com você e Daniel é o tio que vai ajudar. Acho.
-Posso te chamar de Tia Lolla?
-Não.
-Posso chamar o Daniel de Tio Dani?
-Aí já é problema dele - Dou de ombros. - Vamos.
-Bom dia, crianças - Quíron sorri para nós quando finalmente estamos os três juntos.
Talvez eu tivesse subestimado um pouco a inteligência dele.
-Hm, oi, Quíron - Dani dá um sorriso desconfortável.
-Lolla está se despedindo?
-Isso - Concordo. - Toma, Lucy. Sua mochila. - Digo, lhe dando a mochila em minhas costas.
-Bom, então, onde temos de ir? - O filho de Apollo indaga.
-O guardião repousa nas origens de nossa civilização.
-Grécia - Digo, imediatamente. - E como nó... digo, eles, vão chegar lá?
-Eu posso lhes teletransportar - Quíron sorri. - Os dois
Droga.
-Não - Dani diz, rapidamente. - Acho que temos de seguir nosso próprio caminho.
-Então os levarei pelo menos para um lugar próximo daqui e mais conveniente.
-Eles já disseram que não - Cerro os dentes.
-Próximo? Ok - Daniel sorri. - Afinal, eu e Lucy temos espelhos para nos comunicarmos.
O espelho de duas faces em meu bolso. Brilhante.
-Certo - Sorrio também. - Tchau, Lucy - Digo, dando-lhe um grande abraço. - Tchau, Dani.
-Tchau, Lolla.
E então Quíron estala os dedos e os dois somem no desconhecido.
-Tem um treino em 5 minutos - Quíron diz.
-Estarei lá - Minto.
Apenas espero ele se afastar e fujo para os Estábulos.
Em alguns minutos estou em pleno vôo, montada em Thunder.
Pego o espelho em meu bolso.
-Danii - Chamo. A imagem do garoto aparece instantaneamente.
-Lolla! - Ele sorri.
-Onde vocês estão?
-Nos EUA - Ele dá de ombros. - Não sei muito mais do que isso. O sotaque lembra a costa oeste.
-Como o meu?
-Isso aí. Estamos em... algum tipo de campo. Perto de um cemitério.
E é aqui que me dou conta. E novamente aprendo a não duvidar da inteligência de Quíron.
-Hoje é Sábado - É tudo o que digo.
-Sim, ok. E daí?
-Sei onde estão. Chego aí em duas horas. Tem um Starbucks e um Mc Donald's duas ruas acima.
-Onde estamos, afinal?
-São Francisco - Suspiro e acabo com a conexão. O espelho passa a me refletir. - Vamos lá, Thunder. Temos uma longa viagem até a California.
Depois de um vôo excruciantemente tedioso, pouso o pégaso perto de Dani e Lucy.
-Olá! - A garota sorri.
E é então que me lembro. Não. Não posso ser eu a contar a ela.
-Olá, Lucy. Daniel, venha aqui um minutinho, sim?
-Vocês vão esconder segredos de mim? Eu não sou um bebê!
-Não, só quero pedir a ajuda de Dani sobre... a melhor rota daqui para a Grécia.
-E desde quando Daniel sabe Geografia?
-Desde já - Dani a fuzila e me puxa pelo pulso. Quando tomamos uma distância segura, ele me fita: - O que houve?
-Eu preciso ir naquele funeral ali atrás.
-O quê?! Por quê?!
-Porque... porque é o funeral do pai de Johnny.
A resposta baixa a guarda de Daniel.
-Oh. O... tio de Lucy?
Faço que sim com a cabeça.
-Não quero deixá-la mal, mas ao mesmo tempo me sinto errada por privá-la do tributo ao seu próprio tio.
Ele me fita por um momento com seus grandes olhos azuis, talvez pensando no que estou dizendo.
Simplesmente preciso de um conselho de meu melhor amigo.
-Vá lá. Vou levá-la ao Mc Donald's. Comente sobre Lucy com a mãe de Johnny. Não sabemos o quanto ela era próxima do sr. Wolf.
-Obrigada - Dou um sorriso fraco.
-Não há de quê. Amigos são pra isso.
-Encobrir funerais?
-Também - Ri, descontraído. - Vou manter sua irmãzinha longe.
-Compre algo vegetariano pra ela!
-Ir no Mc Donald's e pedir salada? E depois o quê?
-Não discuta.
-Como quiser - Ele revira os olhos. - Não quer mesmo que eu fique? Sabe... Você conhecia o falecido. Posso ficar pra te confortar, ou sei lá - Ele para. - Não daquela maneira! - Acrescenta, rapidamente. - Pra te ajudar, como um amigo. Quero dizer...
Sorrio.
-Não. Vou ficar legal. Johnny precisa de mais conforto do que eu.
-Tem certeza?
Faço que sim com a cabeça e observo-o se afastar.
A despedida para a qual me encaminho é uma despedida que quero fazer sozinha.
Lolla Aryan
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